Numa decisão que está a gerar intensos debates à escala global, a justiça internacional confirmou hoje a exclusão da nadadora transgénero Lia Thomas dos Jogos Olímpicos. O veredito surge após meses de disputas legais e representa, para muitos, um ponto de viragem na defesa do desporto feminino e da igualdade competitiva.
Lia Thomas, que se tornou a primeira mulher transgénero a vencer um título da NCAA (associação universitária dos EUA) em 2022, viu-se envolvida numa controvérsia que dividiu a opinião pública, atletas e instituições desportivas. A sua participação em provas femininas levantou questões delicadas sobre identidade de género, biologia e justiça nas competições.
O Comité Olímpico Internacional (COI) e outras entidades desportivas haviam inicialmente deixado a porta aberta para a participação de atletas trans, desde que fossem cumpridos certos critérios hormonais e médicos. No entanto, organizações femininas, atletas e especialistas em ciências do desporto argumentaram que a presença de atletas transgénero em categorias femininas poderia comprometer a equidade das competições, especialmente em modalidades onde fatores físicos, como força e resistência, são determinantes.
A decisão judicial agora anunciada valida as novas diretrizes adotadas por algumas federações internacionais, que restringem a participação de atletas transgénero em categorias femininas de elite. No caso de Lia Thomas, o tribunal considerou que os níveis hormonais mantidos após a transição não eliminavam completamente as vantagens físicas adquiridas durante a puberdade masculina.
Para os defensores dos direitos das mulheres no desporto, trata-se de uma vitória importante. “Este é um dia histórico. A justiça reconheceu que a inclusão não pode vir à custa da equidade”, afirmou uma ex-atleta olímpica que participou como testemunha no processo.
Já do outro lado, defensores dos direitos LGBTQ+ expressaram profunda preocupação com o precedente criado. “Estamos a assistir a um retrocesso perigoso. A exclusão de Lia Thomas envia uma mensagem clara de que atletas trans não são bem-vindos”, declarou uma representante da Human Rights Campaign.
A decisão não impede futuras revisões de políticas ou apelações, mas para já, Lia Thomas não poderá competir nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. A polémica está longe de terminar, mas este momento ficará certamente marcado como um ponto crucial na história do desporto moderno.